quinta-feira, 15 de julho de 2010

- O amor não passa.



Não tinha mais nada o que fazer, somente recordar...
- Sai da minha casa agora
- É isso mesmo que você quer?
- Sim, sai da minha casa e da minha vida, não volte mais.
Então ele tomou rumo à porta, quando ela disse:
- Se você sair por essa porta, não precisa mais voltar.
Ele de cabeça baixa até então... Parou, virou-se e olhou em direção aos olhos de sua amada, como jamais havia feito e voltou abaixar a cabeça e seguiu o caminho; ela só pôde escutar os passos que descia devagar a escada.

Ela não queria que aquele amor acabasse, que ele fosse embora, na verdade não esperava que ele lhe virasse as costas. Ela estava ali sentada no sofá, ouvindo o ruído da tevê e assim ficara a noite toda, esperando que a porta se abrisse, como de costume.
Não parava de recordar o que havia acontecido, os passos que iam em direção a porta, o olhar triste e frio. O barulho das chaves ao ver a porta se fechar.
Ela desbruçou-se no sofá e passara na sua cabeça um filme, beijos, abraços, sorrisos, lágrimas, foi quando sentiu o cheiro do perfume que ele nunca mudara, pois sabia que era o que ela mais gostava.
A briga nunca havia sido tão amarga, tão silenciosa. Ele não mais voltara.
Ouvia repetidas vezes aquele dialogo, as palavras que ela disse sem pensar e que ele respondia calmamente, mas aparentemente magoado.
Vencida pelo cansaço ela dormira ali, não havia sido um sonho; sim... a pior noite de sua vida e assim iria acontecer nas noites seguintes aquela.
Depois daquela noite, ele jamais ligara. Ele realmente não voltaria.
[...]

Meses se passaram, sua dor havia diminuido.
Terça - Feira, 18:36 - Café com sua mãe, no centro da cidade. Muita conversa entre as duas, até que sua mãe pergunta: - Filha, você está bem?
- Claro mãe, porque não haveria de estar?
- Como ele está?
[Silêncio]
- Mãe, posso te fazer uma pergunta?
- Sim, faça!
- O amor passa?
E mãe respondeu sorrindo:
- Não, ele não passa. Filha, o amor só adormece!
[Uma lágrima]
Sua mãe calada e olhando sua filha tomar aquele café, diz:
- Olhe para tras querida!
Ela olha... seu coração arde, pula, seu estômago revira... Sim, ali estava ele; cabeça baixa, com o velho all star vermelho e aquela blusa de frio preta surrada.
Impulsivamente ela se levanta e vai em direção dele, sua mãe diz:
- Filha, eu disse... O amor nunca passa!
Sorriu e continuou.

Ele se assusta, mas o brilho no olhar descarta qualquer tipo de palavra.
Ela então sorri e pergunta:
- Posso me sentar com você?
-Sim, seria ótimo.
Conversaram muito, pareciam dois amigos apaixonados que esperavam só o momento certo para se declarar, ela como sempre impulsiva, perguntou-lhe:
- Por que não me procurastes?
- As palavras têm um poder muito forte, eu só fiz o que você me pediu.
- Mas você não poderia ter feito isso.
Ele levantou a sobrancelha e sorriu, não responderia e sim perguntaria.
- Por quê?
- Como assim? Você nunca havia virado as costas pra mim.
[Silêncio]
- Acho que você já respondeu por mim, pois eu nunca te virei as costas, e você?
- Sim, eu te virei. Queria tudo da minha maneira, você sempre foi paciente comigo.
- Por isso eu fui, eu tinha que deixar você pensar e recordar tudo. Pois diversas vezes eu vivi sozinho, eu amei sozinho, você tinha que saber como é ficar sem mim, porque eu soube de maneira dolorida saber como é ficar sem ti, por isso eu era paciente, eu nunca quis te perder, mas tenho meus limites e só amar não é suficiente.
Ela chorou compulsivamente e enquanto deixava as lágrimas cairem, disse: - Eu não sabia que te amava tanto e que me arrependeria dessa maneira.
Ele: Eu te amo e isso só aumenta, porque o amor nunca passa.
Depois de um tempo olhando fixamente um para o outro, ele questiona: - Se eu for embora dessa vez, o que irá fazer?
Sem precisar pensar, ela respondeu: - Eu te acompanho.



Por: Ana Paula Soares

"Nós perdemos as pessoas que amamos, porque assim descobrimos que elas são importantes"
(O curioso caso de Benjamin Button - Filme)

Não espere perdê-las ;)


Escutando: The Police - Every Breath You Take.



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